sexta-feira, agosto 17

Entrevista ao futuro perfeito da cidade do Porto

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Aveiro, 17 de Agosto de 1460
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Eu, Tiaguuuh Miranda d´Albuquerque tenho, na minha presença, um candidato a prefeito da cidade do Porto, Dom Kalled Ávila Guimarães, Barão de Moreira e Visconde de Margaride. Estão a decorrer, no momento, as eleições que visam eleger o próximo prefeito da cidade do Porto, com dois candidatos, Kalled e o antigo prefeito, Duff, que acabou por cancelar a sua candidatura, podendo-se ver expressa essa intenção no seu anúncio de candidatura na Casa do Povo; portanto o antigo conde e prefeito de Bragança, Dom Kalled será o improvável loser destas eleições.

Jornal de Aveiro - Antes de mais nada queria agradecer a sua presença aqui no jornal de Aveiro. 

Kalled - De nada, eu é que agradeço a oportunidade em poder aqui estar a conceder esta entrevista.

J.A. - Diga-nos, o que motivou a sua candidatura a prefeito da cidade do Porto?
          
K. - Como muitos sabem, sempre fui muito ligado à política. Já estava afastado há uns meses, os quais aproveitei para descansar e recarregar baterias. Há cerca de duas semanas, quando estavam quase a abrir as eleições para Prefeito da cidade do Porto, achei que podia oferecer algo à Casa do Povo e assim ser-lhe útil. Em conversa com alguns amigos todos viram com bons olhos a minha candidatura. Então, quando o período de candidaturas abriu, não perdi tempo e apresentei a minha.
          
J.A. - Como sabe, concorre a eleições com o antigo prefeito, mas este já manifestou o cancelamento da sua candidatura. Está ciente que está praticamente com os dois pés dentro da casa do povo do porto?
 K. - Embora o actual Prefeito, o Sr. Duff, tenha cancelado formalmente a sua candidatura, tecnicamente ele continua sendo candidato, pelo que tudo é possível. Acredito que serei o próximo Prefeito do Porto, caso contrário não me teria candidatado, mas essa crença não existe graças ao cancelamento da candidatura do outro candidato, mas sim graças à confiança que tenho nas minhas capacidades. Mesmo que o Sr. Duff não tivesse cancelado a candidatura, continuava a acreditar na minha eleição, fosse qual fosse o outro candidato.

J.A. - Quais são os desafios ou dificuldades que espera poder vir a enfrentar na prefeitura do Porto?

K. - Acredito que uma das maiores dificuldades será o desemprego. Somos a maior cidade do Reino, com 307 habitantes (quase metade da população do Condado do Porto), mais os visitantes. Temos apenas uma mina e, imagine-se, está encerrada. Será então necessário empregar esta gente toda. A Casa do Povo procurará empregar o maior número de profissionais possíveis, pelo que empregar níveis 1 será a tarefa mais complicado. Entrarei em contacto com o Conselho com vista ao negociamento da abertura da pedreira. Acredito que com os argumentos correctos nos ouvirão.
  
J.A. - Quais são as metas/objectivos aos quais se propõe para o próximo mandato?
 
K. - Gosto de fazer as coisas cada uma na sua vez. Se acumularmos muitos objectivos, dificilmente conseguimos cumpri-los todos e, sabemos, as coisas feitas à pressa raramente ficam bem feitas. Como tal, os objectivos serão principalmente concluir esta fase da construção do porto e arranjar ferro para a próxima fase de construções. Também é um dos objectivos escoar o vinho do porto que a casa do povo possui, de forma a aplicar esse dinheiro noutros produtos que façam mais falta à população, como alimentos a baixo preço ou matérias-primas para trabalharem. A reactivação da equipa de lenhadores também é importante, dada a elevada importância da madeira na nossa economia.
  
J.A. - Irá apoiar a continuação do desenvolvimento do porto da cidade? O que pretende fazer?
 
K. - Claro! Visto que foi no meu mandato no Conselho, como Conde, que as obras do porto se iniciaram, não faria sentido deixar de apoiar o seu desenvolvimento. Com a capacidade financeira que a casa do povo do Porto tem, penso que pode e deve ter um papel mais activo no desenvolvimento do porto, a nível de apoios financeiros. A população tem feito um esforço notável, pagando impostos ao Conselho e ainda contribuindo com doações para o desenvolvimento do porto. A casa do povo também deve fazer parte dessas contribuições. Precisaremos de ferro e madeira para futuras fases de construção, materiais que a Casa do Povo tem mais facilidade em encontrar que a população.
  
J.A. - Pensa que não tem havido nos últimos tempos um apoio activo no desenvolvimento do porto da cidade por parte da casa do povo?
 
K. - Tem havido apoio, quanto mais não seja pelas prontas transferências de doações. A Casa do Povo não tem obrigação de passar as doações para o inventário do porto, embora as doações sejam feitas com essa finalidade. Nesse aspecto, tem havido apoio. No entanto, como referi anteriormente, no capítulo de doações por parte da Casa do Povo, tem ficado um pouco aquém das expectativas. Segundo o último relatório do Prefeito, foram doados até ao momento 7756 cruzados (fora as doações materiais), sendo que 424 cruzados foram da Casa do Povo do Porto. As doações da CP correspondem a 5,5% das doações totais. Acredito que a CP beneficiará muito mais que apenas 5,5% desta construção, pelo que pode ter um papel mais activo no desenvolvimento do porto. 

J.A. - Muitas pessoas defendem que as taxas aplicadas nos mercados, afectam muito a visibilidade dos mesmos, e o comércio de principalmente dos produtos regionais e posteriormente os negócios da casa do povo com o exterior, pois afirma-se que a divida condal não têm solução à vista, pelo que não há motivo para existência destas taxas. Concorda com esta afirmação?

K. - Não podia concordar mais. Sempre que estive nos Conselhos votei contra quaisquer tipos de impostos, conseguindo por vezes que eles fossem eliminados. A minha opinião relativamente aos impostos é que, neste Condado, servem apenas para tirar dinheiro ao povo que trabalha, não se vendo quaisquer benefícios neles. Pode consultar-se esses (não) benefícios nos relatórios diários da Tesouraria. Quando não haviam impostos sobre os produtos, tínhamos muitas trocas comerciais de produtos de luxo no nosso Condado, vendendo-se muito vinho do Porto. Com impostos a 7% sobre esses produtos torna-se impossível esse tipo de comércio, condenando ao abandono as adegas e vinhas que temos no Porto. Eu próprio deixei de plantar a minha vinha, pois tenho dezenas de quilos de uvas na minha despensa que não consigo escoar, optando por trocar de campo 

J.A. - Temos neste momento à disposição da casa do povo um navio, a Invicta, que há muito que não fez uma viajem. Pretende dar uso a este utensílio para reforçar o comércio e posteriormente o aumento do capital? Ou sempre foi contra a elaboração desta embarcação?

K. - Permita-me que faça um aparte. O objectivo enquanto Prefeito, não será aumentar o capital da Casa do Povo. Não deve ser esse o objectivo das CP's. Obviamente que, chegando ao final do mandato com um saldo positivo é sempre bom, mas não nos devemos cingir a isso. Quem deve procurar lucro são as instituições comerciais, como as tavernas, e a população. A Casa do Povo existe para os auxiliar, de maneira que com essas poupanças possam ter uma vida melhor. Respondendo agora à sua questão, a Invicta é património da CP e devemos fazer uso dela. Pegando no exemplo da resposta anterior, o vinho do Porto, podemos utilizar a Invicta para o escoar para Castilla. De Osma a França são poucos dias a pé, pelo que, levando o vinho até ao Reino vizinho, rapidamente chega a França. 

J.A. - Você referiu em respostas anteriores “escoar o vinho”, pretende escoar o vinho que existe neste momento na Casa do povo, ou escoar os vinhos dos mercados portuenses? Anteriormente também deu a entender que os negócios com o vinho do vinho do porto e seus subjacentes estão a passar um mau bocado, o que pretende para resolver esta pequena crise? 

K. - Segundo o relatório mais recente do actual Prefeito do Porto, a Casa do Povo tem em sua posse 12 toneis de vinho, enquanto que no mercado passam das 4 dezenas. Esta pequena crise no negócio não é fruto da pouca procura, pois essa continua a existir, mas sim das poucas opções que nós, portuenses, damos aos consumidores de o comprarem. Acredito que se dermos opções de consumo mais fáceis, como referido anteriormente através do barco da CP, levando o vinho para Espanha e França, ele será escoado facilmente, pois são poucas as pessoas dispostas a fazer uma viagem tão longa para comprarem o vinho. 

J.A. - O senhor no anúncio de candidatura referiu o facto de querer reactivar a equipa de lenhadores do Porto. Explique-nos o que pretende fazer para reactivar a equipa de lenhadores do Porto?

K. - A Casa do Povo tem cerca de 5 machados para serem utilizados na floresta, o que dá uma média de 35 feixes de madeira por dia. Visto que a mina se encontra fechada, a corrida a um lugar na floresta aumenta, pelo que devemos aproveitar esse facto para aumentar a produção de madeira. No entanto, como é sabido, apenas 1 feixe por cada lenhador vai directamente para a Casa do Povo, como comissão pelo empréstimo do machado. É então nossa ideia reactivar um grupo que vá diariamente para a floresta com o objectivo de, ao final do dia, vender à CP todos os feixes conseguidos naquele dia. Acredito que com o desemprego será fácil encontrar gente disposta a isso, pois ganham um bom salário, não precisam de fazer investimento e ainda ajudam a CP. 

J.A. - Você disse anteriormente que ia fazer um esforço ao pé do conselho para a reabertura das minas, pela questão do desemprego, se isso se concretizar, irá haver uma dificuldade à questão da equipa de lenhadores. Estou certo?

K. - Como havia referido anteriormente, o Porto é a cidade mais povoada do Reino, com mais de 300 habitantes. Visto que a capacidade normal da pedreira é de apenas 50 lugares, ainda nos sobra muita gente para a equipa de lenhadores. Mais, o salário da pedreira é pago em duas partes, pelo que com certeza as pessoas terão mais interesse em trabalhar na floresta, recebendo o salário todo duma vez, aquando da venda dos feixes à CP, do que receber metade no dia seguinte e o restante no domingo. 

J.A. - Acerca de cooperações entre cidades, qual é a importância que dá a uma possível cooperação com cidade de Aveiro?

K.- Manter boas relações com outras cidades, principalmente as vizinhas, é sempre muito bom. Do que conheço do Prefeito Salgueiro, acredito que ele veria com bons olhos uma possível relação entra as duas CP's, pois traria benefícios a ambos, visto que são duas CP's em bom estado financeiro. O facto de entre Porto e Aveiro existir a fronteira Porto/Coimbra, também é outro factor que leva à necessidade de um contacto constante, principalmente no capítulo da segurança. 

J.A. - Acha que este conselho tem tido um papel importante no que diz respeito ao desenvolvimento económico das cidades do condado, especialmente com a cidade do porto?

K. - Infelizmente os Conselheiros (não apenas do atual Conselho, mas também dos anteriores) vivem obcecados com a dívida do Condado e acabam por esquecerem-se do desenvolvimento das cidades, unindo esforços apenas para o combate a essa famigerada dívida, o que não se tem traduzido em resultados práticos. Limitam-se a fazer os mínimos no cooperação com as CP's, como o fornecimento de ferro e mesmo esse não é constante -, o que leva os Prefeitos a aplicarem políticas sem envolverem o Condado. 

J.A. - Para terminar, que mensagem gostaria de mandar aos nossos leitores do jornal de Aveiro?

K. - Aos leitores, agradecer a paciência em ler a minha entrevista (risos) e, claro que visitem o Porto. Cá estaremos de braços abertos para os receber. Se me permite, deixo também uma mensagem de parabéns aos redactores, pelo excelente trabalho que têm feito. 

J.A - Resta-nos então agradecer novamente ao Dom Kalled pela oportunidade que nos foi dada de o ouvir e de responder às nossas questões e desejar-lhe boa sorte na sua eleição á casa do povo do Porto.





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